Endividamento, culpa e arrependimento
Compulsão é ausência de escolha consciente.
É um estado
ancorado neurologicamente, inconsciente, que retira da pessoa sua condição de
escolha e a submete a um estado emocional cujo circuito neurológico a
condiciona para comprar.
Enquanto o impulso
de comprar não é concluído, a pessoa não desiste.
Verifique se isto já aconteceu alguma vez com você.
Você já
foi pego de surpresa, de uma hora para outra, com um desejo incontrolável e uma
ideia súbita de estar no shopping fazendo compras, sem que você tivesse se
preparado financeiramente para isto?
Incrível não é? Parece um filme em tempo real, você associado à
cena, ou seja, você dentro do filme vivendo cada momento intensamente.
A partir daquele instante um gatilho dispara seu pensamento,
seu corpo se agita, e aquela sensação de bem-estar invade seu peito. Pronto! A
ideia fixa tomou forma e agora te comanda.
Daí em diante, sem que se aperceba, você não está mais no controle da situação.
Seu único objetivo neste momento é se dirigir para um shopping ou um centro de
lojas, para comprar.
É como se estivesse descendo num tobogã, onde não há mais
volta. A única possibilidade é chegar ao destino. Sensação de pressa e de falta de controle toma conta de
você. Agora, seu diálogo interno apenas te diz uma frase: tenho que comprar!
Tenho que comprar aquele vestido, ou aquele sapato, aquela bolsa e por aí
afora.
Este comando interno é autoritário e mandatório do seu
comportamento. Ele não lhe permite escolhas. Em nenhum segundo sequer, este pensamento
te permite parar e se questionar, sobre suas reais necessidades de compra, ou
se seu cartão de crédito comporta mais uma dívida. O desejo é tanto, que não há
preocupação alguma com o pagamento da dívida a ser contraída.
E assim, centenas de pessoas lotam os shoppings centers sem
se darem conta que estão anestesiadas, robotizadas, por um diálogo interno ou
por uma imagem da cena futura da compra, tão real que parece normal.
Se não fosse
compulsivo o ato de comprar, seria agradável, prazeroso e realizador. Mas não é
bem assim que acontece. Geralmente algum tempo depois da compra, vem o
sofrimento.
É comum, até mesmo no caminho de volta para casa, o
sentimento de arrependimento, culpa e vergonha de si mesmo, por mais um ato
compulsivo. Muito bem denunciado na última novela, Salve Jorge, pela atriz
Helô, aquela delegada que passava sempre no shopping, comprava e escondia suas
sacolas de compras ao chegar em casa.